sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Por que você quer ser jornalista?




Já que minhas colegas de turma introduziram um pouco de suas perspectivas e motivações, e sobre o que é de fato a nossa profissão, nada melhor do que eu estrear aqui contando um pouco do meu romance com o Jornalismo.

Essa é uma pergunta que nos acompanha desde o 1° Semestre. Achava ruim e infantil (quase a mesma coisa que as redações de “como foram as minhas férias” na escola) ter que escrever o porquê de uma escolha tão pessoal. Ou até mesmo ter que responder envergonhadamente, em alta voz, para a classe toda te ouvir dizer: “não sei exatamente o porquê”. Era frustrante, mas ao mesmo tempo motivador. “Por que mesmo que eu estou aqui?” “Por que comunicação se eu sou a pessoa mais tímida do mundo?” “Por que Jornalismo se eu não gosto de escrever e não tenho o costume de ler?”

Enquanto esses questionamentos pairavam em minha cabeça, nascia em mim uma paixão e ressurgia em mim, uma característica que sempre me acompanhou: a vontade de superar os meus limites. Foi aí que descobri que estava no caminho certo.

Como todo bom romance tem seus conflitos, não poderia ser diferente comigo. Críticas de professores, comparações, e até frases como “não consigo te ver como jornalista” entraram no meio do caminho. Mas a característica forte em mim , citada mais acima, me trouxe até aqui, até a resposta desta pergunta. Compreendi a importância da bendita (repetida por várias vezes), e as consequências que geraram em todos nós, os que permanecemos firmes e fortes, mesmo que o nosso diploma tenha sido derrubado. Todos nós, que em algum momento, criamos repúdio por ela, hoje sabemos exatamente a razão.

Quer saber o porque que eu escolhi ser jornalista? Eis aqui sua resposta:

“O Jornalismo é mais do que uma profissão, é mais do que fazer parte de um telejornal e virar celebridade local, é mais do que viajar de graça e conhecer famosos. Mais do que viajar com a seleção brasileira durante a Copa do Mundo, mesmo que você nunca tenho se interessado por futebol. Jornalismo é uma atividade social. É prestação de serviços. Te permite entrar na realidade de outras pessoas e poder contar a história de vida delas, entender o outro lado. É poder um dia estar falando de política e outro dia de cultura. É poder vivenciar fatos históricos e relatar sobre eles. É poder se engajar em um propósito seu. É poder ser voz de uma geração. Jornalismo não é uma profissão, é um estilo de vida.Um estilo na qual eu me adequo e me faz bem, muito bem, fazer parte.Entre "ele" e eu há amor. Amor de verdade.”

Walquíria Cassiano
quatroem1@gmail.com

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Saiam do laptop!




“Acho que o jornalismo está sendo ameaçado pela internet. E o principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer fácil. Quando você liga o laptop em sua cozinha, ou qualquer lugar, tem a sensação de que está conectado com o mundo. (...) Todos estão com a bunda sentada olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são jornalistas, mas estão ali sentados e não na rua”.

Gay Talese


Nada como comar um blog com uma declaração como esta, feita pelo jornalista estadunidense Gay Talese. Aclamado mundialmente como um mestre do jornalismo literário, Talese é defensor do Jornalismo feito nas ruas; da sensibilidade em descobrir histórias que merecem ser contadas, e da produção de textos jornalísticos que usam elementos literários, como o romance e a ficção, a fim de envolver melhor os seus leitores.

Pode lhe parecer um discurso romântico sobre o Jornalismo, mas atingiu diretamente a mim - estudante de Comunicação há quase dois anos ciente do quando devo aprender com grandes nomes da mídia mundial e com as análises decorrentes dos caminhos que o Jornalismo tomou nos últimos anos. Não apenas decorrentes da revolução tecnológica, mas, também, de transformações sociais e culturais, como as mudanças geradas pela inserção da mulher no mercado de trabalho - e que originou em mudanças de pauta e abordagem de assuntos que envolvam valores humanitários.

Desde que me decidi pelo curso, tenho sido embalada por grandes mudanças, curiosidades e (muitas) expectativas. Ao mesmo tempo, confusões e crises repentinas, uma sensação interminável de estar perdida e, o pior, iludida. A conhecida linha tênue entre o medo de fracassar e o sonho de ter todo o meu esforço e talento (yeah!) reconhecidos.

Particularmente, naquele trecho que eu destaquei, Talese fez referência aos novos ou antigos, e consagrados, profissionais da mídia que se cederam aos encantos e facilidades da era digital. Uma análise sobre repórteres que optam pelo conforto e praticidade permitidos em pesquisas virtuais ou entrevistas por meio de trocas de mensagens ou telefonemas.

A discussão é válida: qual é o limite do bom uso que fazemos das novas tecnologias? Até que ponto aquelas facilitam nosso trabalho, sem modificar a essência do Jornalismo? Como eu me dedicar a um blog sem compartilhar dos mesmos erros dos mau profissionais?

É complicado, mas preciso conhecer verdadeiramente a profissão que escolhi desde agora. Acostumar a escrever, aprimorar meu vocabulário, aplicar o conhecimento teórico proposto dentro da sala de aula, esforçar para conseguir fontes variadas, entrevistas que acrescentem às minhas matérias e conhecer tudo o que é novo.

Se é verdade o que comentam por ai, que bons estudantes de jornalismo precisam de um blog, aqui está o meu, que mantenho com mais três colegas, e queridas amigas da faculdade.

Este espaço pode representar uma grande oportunidade - o meu ponto de partida. O impulso para traduzir todos os pensamentos que permeiam essas cabecinhas adolescentes e borbulhantes. O incentivo para descobrir o valor das palavras e o sentido que elas assumem dentro do Jornalismo. E, acima de tudo, o desafio em demonstrar que os fundamentos do Jornalismo ainda podem ser mantidos, em sua essência, em paralelo as novas mídias. Que mudanças e desafios devem ser encarados com profissionalismo.

Quero meter o pé na lama; encontrar impulso nas críticas, e orgulho por textos bem escritos e pelo trabalho cumprido. Encontrar limites e superar desafios. Conhecer novas histórias, me permitir conhecer novas pessoas e me abrir a outros mundos. Aprender a ouvir - e quem ouvir. Desconfiar das informações, das fontes, das possibilidades. Investigar. Ir atrás. Praticar um jornalismo ético, apesar do temido deadline; da falta de incentivo das próprias empresas, ou o comodismo em copiar as mesmas notícias divulgadas por outros meios, acrescentando apenas um valor crítico pessoal. Um jornalismo livre.

Começando por sacudir a poeira deste blog e recomeçar a escrever aqui. Pelo prazer ou pelo reconhecimento. Pelo suado esforço ou pelo talento. Como entretenimento ou como uma grande oportunidade de aprender jornalismo. Claro, sem me enclausurar nas possibilidades de uma máquina, - sem me esquecer da rua, o berço da carreira que eu escolhi para toda a vida, onde se faz o verdadeiro Jornalismo.

Caroline Serra Aguiar

quatroem1@gmail.com

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Só não pode faltar luz...


Passei uma tarde inteira pensando sobre o que escrever neste nosso primeiro blog. Enquanto isso, o mundo não parava e minhas idéias eram embaladas por novos assuntos. Decidi, então, escrever sobre o nosso interesse em criar este espaço. Afinal, são quatro pessoas. Quatro estudantes de jornalismo! Mentes curiosas, pensamentos distintos, vaidade crítica e um desafio: registrar nossas produções ao longo do curso e compor artigos, crônicas e reportagens dedicados especialmente a este blog.

E quem resiste às inovações decorrentes da era da informação? Seja pela propagação instantânea de notícias, pelas possibilidades de criação, comodidade e comunicação interpessoal, a internet representa um instrumento revolucionário entre as novas mídias. Aclamada mundialmente, abrange diferentes classes sociais e atende aos interesses de diversas culturas.

Não há quem se declare indiferente ao encantamento da era digital. O nosso estilo de vida foi modificado pelas novas possibilidades tecnológicas. Podemos viajar a pontos extremos do mundo em poucas horas, fazer transações bancárias online, cadastros informatizados, compras do mês por telefone, cursos de especialização à distancia e, inclusive, conhecer novas pessoas sentados a frente do computador.

Sobrevivemos apoiados no consumo intenso das novas tecnologias. O vasto leque de possibilidades do mundo digital apresenta imensas virtudes a nosso benefício, mas nem todos sabem o que fazer com tudo isso.

O dinamismo da vida nos colocou, ironicamente, diante de uma rotina desgastante. Obedientes aos ponteiros de um relógio, estamos em constante pressa. Seguimos de cabeça baixa, insatisfeitos e movidos por interesses pessoais. Evitamos longas conversas, trocas puras de olhares e palavras sinceras. Os abraços se tornaram impulsivos, o sorriso falso e o amor um sentimento comprimido.

E tudo isso porque nos tornamos fundamentalmente individualistas. Racionais demais e cada vez menos humanos. Confiamos tudo a simples máquinas que compõem uma extensão do nosso corpo e são guardadas como jóias. São elas que nos determinam como viver e esta condição nos permite uma análise mais profunda.

Embora as taxas mundiais acusarem redução do índice de mortalidade e um crescimento da população idosa, envelhecemos rapidamente e da pior maneira. Tudo porque nos acomodamos em simplesmente existir - cumprir deveres e responsabilidades relacionadas ao sustento da família ou realização profissional.

Viver não se restringe a seguir costumes sem criticá-los nem quebrar paradigmas. Ou dedicar anos a simplesmente completar a mesma rotina (sem buscar algo novo, sentimentos novos e experiências coletivas). Viver é definido por outro sentido. O oposto. Por isso, a morte nos consome diariamente: em cada palavra dita aos ventos ou quando erramos em não reconhecer ou afirmar nossos valores.

As novas gerações desconhecem a importância dos laços familiares. Estes são substituídos pelo apego as novas mídias de entretenimento. A transmissão do conhecimento, o valor familiar e a formação moral foram perdidos. E é apenas o começo de uma nova era.

Podemos presumir o tempo em que não nos desgrudaremos da cadeira em frente ao computador ou do lugar estratégico do sofá. Com um controle grudado na mão ficaremos sentados um dia inteiro assistindo televisão. Inteligentemente, inventaremos algum modo para poder mudar o canal ou passar mensagens utilizando o mínimo de esforço. Para suprirmos a fome, teremos pílulas alimentares e para as necessidades fisiológicas, talvez, poltronas e cadeiras móveis com equipamentos sanitários e limpadores automáticos. As relações sociais se resumirão as palavras ditas impulsivamente e conversas curtas - para evitar a dispersão ou atrasos.

Se hoje criamos chips pra conduzirem máquinas, haverá o dia em que os próprios chips estarão dentro de nós, pensando e agindo pelos nossos filhos e netos.
E o irônico é que somos escravizados gratuitamente.

Evitamos compartilhar os bons momentos, aqueles mais simples e intensos; e que justificam o valor da vida. Não suspiramos pelas conquistas diárias. O medo nos impede de experimentar o gosto de um desafio vencido e a certeza de que podemos superar limites. O conceito de felicidade se restringe ao individualismo, às personalidades que podemos assumir anonimamente e as facilidades do uso tecnológico.

Só não pode faltar luz...


Caroline Serra Aguiar
quatroem1@gmail.com